GOG fala sobre Hip Hop e Secretaria de Promoção da Igualdade Racial em Bauru * * * O rapper GOG, do Distrito Federal, se apresentou no encerramento

 
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GOG no encerramento da 4ª Semana do Hip Hop Bauru

GOG fala sobre Hip Hop e Secretaria de Promoção da Igualdade Racial em Bauru


O rapper GOG, do Distrito Federal, se apresentou no encerramento da 4ª Semana Municipal do Hip Hop de Bauru, no último dia 16 de novembro e conversou um pouco com a equipe de comunicação do evento sobre Hip Hop, auto-gestão e sobre ser padrinho oficial do evento. A Semana do Hip Hop é uma realização do Ponto de Cultura Acesso Hip Hop e da Prefeitura Municipal de Bauru.

Em meio à turnê de shows, você conseguiu encaixar Bauru e a Semana do Hip Hop na sua agenda, inclusive apadrinhou o evento. Como é que foi isso?
Bom, na realidade tudo é um processo. Eu já conheço o Magú já faz um tempo, a gente tem um carinho e um respeito mútuo, e a Semana do Hip Hop é uma coisa que foi pensada, gestada. Na primeira impressão as pessoas pensam “pô, aconteceu”, mas teve toda uma história lá atrás pra que isso acontecesse. Como a gente conversou isso lá atrás, a gente pensava isso, então quando a Semana se personifica, a gente ta aqui não só na elaboração, mas pra conferir e participar também, no sentido de ver as coisas acontecerem e participar também. E Bauru é um eixo que a gente sempre passa, é um ponto de encontro, o povo gosta da gente, tem uma identificação, então agora receber o convite para ser o padrinho da Semana do Hip Hop, embora seja motivo de orgulho, também é natural diante do processo histórico.

GOG, você começou lá em 1996, com a sua gravadora “Só balanço”, com a idéia de auto-gestão no rap. Como você encara o movimento Hip Hop hoje, acredita que algo mudou com o tempo sob essa perspectiva?
Tem uma frase de uma música nova minha, chamada África Tática, e diz o seguinte: “não desviar na reta do fim das vozes do início”, ou seja, não valeria a pena se agora a gente desviasse totalmente do caminho, nos finalmentes, quando o Hip Hop toma essa gramatura, a gente mudar as pedras que alicerçam a nossa cena. É bem verdade também que muita coisa, se você não tiver o pensamento histórico aguçado e toda hora vendo o trajeto, você acaba se enganando porque vão pintando várias cenas no meio do caminho que parece que são verdades, mas não tem a força e o alicerce das pedras que nós colocamos lá atrás. Eu acredito muito na auto-gestão, pratico, enquanto a gente ta aqui conversando, tem uma lojinha rolando vendendo CDs, livro, camisetas e isso não só pela geração econômica, mas pela possibilidade de criar novas cenas, pela idéia de criar um território negro, periférico, que perambula, que dialoga com o estado negro. A gente sempre chega sem muito foco, numa cara de quem vai pedir ajuda, como quem quer negociar um favor, na auto-gestão não, lidamos de maneira profissional com o outro. Acho que o caminho do Hip Hop agora é se organizar no sentido de a cada lançamento vender 1 milhão de discos de cada artista nosso sem precisar ir na mídia convencional. É uma contradição, mas eu quero fortalecer as mídias comunitárias, os celulares, os blogs, as mídias independentes. As pessoas falam que a mídia televisiva e de revista é importante, mas o Racionais vendeu 1 milhão de discos quando tudo isso não era possível,antes da era digital, antes da internet. Nosso povo trafica, vende droga, você sabe que existe isso no nosso meio, mas a gente não consegue comercializar disco. Eu acho que são esses os divãs que nós precisamos sentar e discutir com a nossa comunidade e ver onde estamos errando e é isso, a auto-gestão é oxigênio.

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Sobre a sua possível participação como ministro da Secretaria de Política e Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), como andam as negociações?
Eu recebi com surpresa essa cena, as pessoas sempre falavam que eu tenho perfil pra esse tema, mas eu tenho colocado dentro de mim que eu tenho que ser o fogo que aquece a água da chaleira, o movimento social é isso. A crise hoje não é da política brasileira, mas do movimento social brasileiro, hoje nossas maiores militâncias, as pessoas que estavam na linha de frente, hoje estão nos gabinetes, eles que estão dizendo “não” pras nossas demandas e eu não quero dizer “não” pra um parceiro meu no sentido de discutir políticas afirmativas e você não poder falar “vamos resolver” e eu dizer pra ele “olha mano, a máquina é realmente complicada e não tem o que fazer”. Então recebo com muito orgulho a notícia, mas acho muito difícil isso ir adiante. Existe uma pressão do movimento negro, do movimento cultural, eu vejo também isso com naturalidade porque nós temos muitos quadros nas paredes, mas não temos quadros perambulando e essa carência de quadros perambulando, faz com que as pessoas olhem pra outras e falem “pô cara, você poderia ser” [o representante], mas eu acho que já to na posição ideal, to bastante satisfeito com o papel que eu desempenho, fico muito feliz, mas acho difícil se concretizar.

A Semana Municipal do Hip Hop de Bauru é realizada de maneira independente desde 2011 e a partir de 2013, tornou-se lei e parte do calendário oficial da cidade, sendo realizada em parceria com o Ponto de Cultura Acesso Hip Hop e a Prefeitura Municipal de Bauru.

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