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Maria Ana Vasco Costa

Curator's Choice é uma seleção criteriosa de obras de artistas em que acreditamos no seu percurso e trabalho. Uma escolha com atenção ao seu corpo de trabalho e trajectória.

Utilizando a cerâmica como suporte principal, Maria Ana Vasco Costa cria obras de arte originais e objetos esculturais, bem como delicados trabalhos sobre papel. Realizou várias exposições individuais e colectivas em diversas galerias do país e do estrangeiro, incluindo a sua mais recente exposição "5 a.m" na Galeria Fonseca Macedo. Licenciada em Cerâmica e Artes Plásticas pelo Ar.Co, onde é actualmente directora de departamento, e com um mestrado em Arquitectura, Ana iniciou a sua carreira com intervenções cerâmicas site specific, utilizando azulejos tridimensionais e planos, seguindo a tradição da azulejaria portuguesa, para criar novos padrões e composições, pelos quais ganhou vários prémios Surface Design Awards em Londres.

Entrevista de Sabina Wlandis à artista Maria Ana Vasco Costa:

Como distingue a intenção do seu trabalho entre as suas ´intervenções cerâmicas´ na arquitetura e as suas obras de arte? Como a exploração e o processo criativo são diferentes?
"Considero-me uma artista visual que utiliza a cerâmica como meio principal.
Tendo um mestrado em Arquitetura, quando comecei a estudar artes plásticas, sempre senti que havia um enorme potencial na utilização dos tradicionais azulejos monocromáticos, mantendo algumas das técnicas manuais e tradicionais mas trazendo-lhes novas formas, padrões, reflexos e sombras.
Foi assim que nasceu "o projecto parede", seguindo a tradição das artes decorativas aplicadas à arquitectura.
O trabalho que faço no atelier é muito diferente, tem mais freedoma e é um espaço de pesquisa que toca outros campos.
Espaço, morte, presença, natureza, arquitectura e cor, profundidade, temperatura, variação e som."

Nos títulos de suas exposições, você costuma usar elementos, gelo, água etc.
Quais são alguns temas que você gosta de explorar nas obras de arte?
"O trabalho que tenho vindo a desenvolver desde 2014 tem procurado encontrar e estabelecer ligações entre o fragmento e o material cerâmico como imagem resultante de um conjunto de memórias da minha percepção pessoal da natureza.
A importância das minhas raízes açorianas e a minha ligação à ilha de São Miguel, revelou-se de forma espontânea no meu trabalho.
A ilha como espaço de vida e de memória, de uma paisagem que exorbita e em constante metamorfose. Também as paisagens vulcânicas da Islândia, as formações rochosas da zona de Odemira ou mesmo as imagens dos glaciares me transportam para um lugar central no meu trabalho."

Qual é a interacção no espaço da galeria entre as suas pinturas murais e as instalações escultóricas? Como é que cria um diálogo entre estas diferentes obras?
"Uma obra só está terminada quando exposta num espaço específico. Muitas coisas podem mudar no espaço da galeria aquando da montagem e da exposição. As peças que realizo são o resultado de uma análise quase poética e proto-científica da paisagem transformada em cerâmica e desenho. Nas esculturas executadas em cerâmica vidrada que se assemelham a formações geológicas, fragmentos de rocha ou pedaços de gelo, onde trabalho aspectos relacionados com a cor, a profundidade, a temperatura, a variação e o som.
O trabalho em papel surge como um prolongamento desta pesquisa. Nele, a fisicalidade e a solidez da "pedra" são transformadas. Na aquarela sobre papel de grande formato, a pedra, o gelo, deixa de ser um obstáculo e torna-se imersiva. Os elementos mantêm-se, mas o estado altera-se."

No passado, a cerâmica foi relegada para um estatuto inferior na hierarquia dos meios artísticos. Acredita que ainda é assim e, em caso afirmativo, que desafios sente que enfrenta como artista para mudar estas percepções e preconceitos?
"Penso que isto já não é um problema."

A utilização da cerâmica e os temas da sua obra sugerem uma forte ligação a Portugal. Quão importante você acha que é transmitir seu senso de identidade através do seu trabalho?
"Sinto que há uma ligação importante, especialmente como referi, por ter raízes nos Açores. Os trabalhos que estou a desenvolver neste momento irão revelar muito mais o sentido de identidade que estou a dar vida num futuro próximo (não sei como desenvolver mais esta ideia pois ainda é um trabalho em curso)."

Se tiver interesse nas obras de Maria Ana Vasco Costa ou de outros artistas seleccionados por favor contacte-nos por telefone ou email para que possamos enviar-lhe mais informação.

For English please scroll down

Curator's Choice is a meticulous selection of works by artists in which we believe in their journey and work. A choice with attention to their body of work and trajectory.

Using ceramics as her main media, Maria Ana Vasco Costa creates original artwork and sculptural objects as well as delicate works on paper. She has had many solo and group shows with several galleries in her native Portugal and abroad, including her most recent show “5 a.m” at the Galeria Fonseca Macedo. With a degree in Ceramics and Fine Arts from Ar.Co, where she is currently head of department, and a Masters degree in Architechture, Ana started her career with site specific ceramic interventions using three dimensional and flat tiles following in the tradition of Portuguese tiling to create new patterns and compositions for which she has won several Surface Design Awards in London.

Sabina Wlandis' interview with artist Maria Ana Vasco Costa:

How do you distinguish your intention for your work between your ´ceramic interventions´ in architecture and your works of art? How is the exploration and creative process different?
"I consider myself a visual artist which uses ceramic as a core medium.
Having a master degree in Architecture, when i have started studying fine arts, I always felt there was a huge potential on the use of traditional monochromatic azulejos, keeping some of the manual and traditional technics but bringing new shapes, patterns, reflexes and shadows to them.
That's how "the wall project" has born, following the tradition of decorative arts applied into the architecture.
The work I do in the studio is very diferent ,has more freedoma and is a reseacrch space that touches other fields.
Space, death, presence, nature , architecture and color, depth, temperature, variation and sound."

In your exhibition titles you often use elements, ice, water etc.
What are some themes you like to explore in your works of art?
"The work I have been developing since 2014 has sought to find and establish connections between the fragment and the ceramic material as an image resulting from a collection of memories of my personal perception of nature.
The importance of my Azorean roots and my connection to the island of São Miguel, revealed itself spontaneously in my work.
The island as a space of life and memory, of a landscape that exorbits and in constant metamorphosis. Also the volcanic landscapes of Iceland, rock formations in the Odemira area or even images of glaciers transport me to a central place in my work. ”.

What is the interaction in the gallery space between your wall paintings and sculptural installations? How do you create a dialogue between these different works?
"A work is only finished when exhibited in a specific space. Many things can change within the gallery space when assembling and exhibition. The pieces I make are the result of an almost poetic, proto- scientific analysis of the landscape transformed into ceramics and drawing. In sculptures executed in glazed ceramics that resemble geological formations, rock fragments or pieces of ice, where I work aspects related to color, depth, temperature, variation and sound.
The work on paper appears as an extension of this search. In it, the physicality and solidity of the “stone” is transformed. In watercolor on large-format paper, the stone, ice, is no longer an obstacle and becomes immersive. The elements remain but the state changes."

Ceramics has in the past been relegated a lesser status in the hierarchy of art mediums. Do you believe that this is still the case and if so, what challenges do you feel you face as an artist in changing these perceptions and preconceptions?
"I feel this is no longer an issue."

The use of ceramics and the themes of your work suggest a strong link to Portugal. How important do your feel it is to convey your sense of identity through your work?
"I feel there is an important link , especially as I mentioned, having roots in Azores. The works I am developing at this moment will reveal a lot more of the sense of identity which i am bringing to life in the near future( i don't know how to develop more this idea as is still a work in progress)."

If you are interested to see any of Maria Ana Vasco Costa work, or any of the artists selected by curators choice newsletter please contact us by email or phone and we will send you more information.